Você está aprendendo e ensinando regras erradas sobre o present continuous em inglês?

Sabe aquela aula de present continuous? Então, é bem frequente professores explicarem esse conteúdo usando uma das seguintes (ou ambas) estratégias, que contém exemplos corretos (mas  problemáticos) do uso desse tempo verbal:

1. Comparando com o português, como aqui.

2. Com exemplos que se referem a ações que estão acontecendo no momento, como aqui

Conforme eu já revelei, ambas as explicações/exemplificações estão corretas. Entretanto, existe um problema com elas, e é o fato de que, por mais que pareça mais simples ensinar assim, elas podem levar a erros. Pois é. A partir de aulas assim, muitas vezes o aluno pode ter a falsa noção de que o -ing do inglês é igual ao -ando, -endo, -indo do português (já vi, inclusive, professores incentivando a tradução literal), o que, nos casos acima, é verdade, mas em outros casos não. Portanto, é importante, caso usemos as explicações acima, termos em mente que nem sempre elas vão explicar o -ing. Com isso, se um aluno estende as explicações acima para mais situações, vários problemas de interpretação podem surgir.

Um dificuldade simples que pode ocorrer é que existem situações em que o present continuous do inglês equivale ao futuro do português. Em minha experiência, alunos normalmente acham isso estranho de início acabam aceitando que essa é uma forma possível. Eu vejo pela expressão facial deles uma pergunta mental assim:

"Mas teacher, eu posso falar I'm having dinner with my parents tomorrow? Tomorrow, teacher?"

O que mais acho difícil realmente, é fazer com que meus alunos deixem de usar o 'will' em favor do present continuous/going to para falar de decisões tomadas antes da conversa em progresso. Afinal, para nós, brasileiros, a estrutura para falar de futuro = vai, vou, vamos + verbo.

Um modo legal de esclarecer isso é usando linhas do tempo, ou contextualizar em diálogos que deixem claro quando as decisões foram tomadas, como este aqui:

Agora vem a parte tensa: sabia que o gerúndio to inglês é diferente de todas as outras línguas europeias, e que, com isso, falantes de todas essas līnguas - incluindo o português, claro - têm dificuldade em entender o uso da estrutura? Existem problemas mais complicados ainda, sobretudo para alunos que desejam ler em inglês, como por exemplo os advindos de textos como o abaixo, onde nenhum -ing pode equivale ao do português:

Bless!

Bless!

E aqui um screenshot das anotações da aula em que discutimos o por quê de não ser correto traduzir literalmente:

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Portanto, um problema muito comum para quem está aprendendo/ensinando inglês é quando o professor ou o próprio aluno generaliza algo como se fosse verdade 100% da vezes com base num único exemplo onde a regra funciona. Para teachers e students meu conselho é: cuidado! Temos que sempre tomar cuidado com generalizações, porque nem sempre paramos para pensar nas diversas outras combinações possíveis de ideias, e nem sempre o que se aplica num caso funciona para todos. E mais uma vez, claro, it has been drilled into our heads (ouvimos um milhão de vezes) que comparar línguas não é um bom método de ensino/aprendizado, que a aula deve ser toda em inglês, que o português não pode aparecer em momento nenhum. Discordo. O caminho normal da cabeça é organizar as ideias como em português mesmo, e isso é algo que precisamos incentivar. Em situações onde a tradução literal atrapalha quem está aprendendo, comparações podem ser extremamente úteis. Afinal, ninguém nasce sabendo pensar em inglês; isso é algo que aluno e professor constroem juntos.

Bons estudos!